Para além dos sentidos, do tempo e do espaço: o discurso de amor em duas formações discursivas
Palavras-chave:
Discurso de amor, formação discursiva, nonsense, amor eterno e infinito.Resumo
Neste trabalho, tivemos por objetivo analisar fragmentos de canções em língua inglesa e em língua portuguesa a partir da noção-conceito de formação discursiva, oriunda da Análise de Discurso de linha francesa (AD). Como pressuposto teórico-metodológico, consideramos o artigo Palavra de Amor, de Eni Orlandi (1990), como base de nossa pesquisa. Os elementos linguísticos nos versos das canções You’re my number one, Por você e Stars, fragmentos 1 a 3, permitiram-nos afirmar que tais canções se fundamentam em uma mesma formação discursiva constituinte do discurso de amor, a do nonsense. Nelas há a transcendência do “fixado no todo dia” (ORLANDI, 1990) que se faz através das declarações e descrições de fatos impossíveis ou transcendentais, que extrapolam os limites do cotidiano, da linguagem em uso convencional e ordinário. Já os fragmentos 4 a 7 são também provenientes de canções de autores, estilos e épocas distintos, mas fundamentadas em uma mesma formação discursiva, a do amor eterno e infinito. Nas canções I will always love you, Amor sem limite, Eu sei que vou te amar e Como é grande o meu amor por você o discurso de amor produz o efeito de sentido de poder extrapolar os limites do tempo e do espaço, projetando-se para além do aqui e do agora. Como resultado geral da análise, concluímos que o conceito de formação discursiva, embora muito controverso ao longo da história da AD, ainda se faz bastante produtivo.
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