A presença constante da Segunda Guerra Sudanesa no filme O que ficou para trás (2020)
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i2.27640Palavras-chave:
O que ficou para trás (2020), A Segunda Guerra Civil Sudanesa, Narrativa cinematográfica.Resumo
O filme de terror da Netflix, O que ficou para trás (2020), foi dirigido por Remi Weekes, produzido por Aidan Elliott e baseado na obra de Felicity Evans e no roteiro homônimo de Toby Venables. Esse filme narra a jornada de um casal de refugiados do Sudão do Sul, Bol e Rial, desde sua fuga da Segunda Guerra Civil até a sua chegada à Inglaterra em busca de uma nova vida. Em consonância, a Associação de Psiquiatria Americana (APA) vem destacando que os indivíduos com sinais de transtorno de estresse pós-traumático (TSPT) podem revelar 4 tipos de grupos sintomáticos: 1) Intrusões, 2) Evitações, 3) Negações e 4) Hiperexcitação. Por sua vez, o diretor, Weekes, conseguiu utilizar uma infinidade de técnicas cinematográficas (BUCKLAND, 2015, DITTUS, 2013; GIANNETTI, 2001) para representar os mais variados sinais de TSPT de seus protagonistas. Entre as muitas técnicas cinematográficas aplicadas, Weekes (2020) explorou com maestria a mise-en-shot, a iluminação e o cenografia. Como resultado, os espectadores foram capazes de identificar criativamente uma panóplia de representações cinematográficas de TSPT como, por exemplo, as recorrentes invasões nos sonhos de Bol e as intermináveis fugas mentais de Rial em relação à filha. Além disso, Weekes (2020) conseguiu humanizar seus protagonistas por meio de suas incessantes negações acerca da Segunda Guerra Sudanesa e de suas fracassadas tentativas em conduzir uma nova vida na Inglaterra. Através das técnicas cinematográficas meticulosamente escolhidas, a jornada narrativa do casal refugiado, Bol e Rial, ficou ainda mais tortuosa, muito mais complexa e intensamente mais realista.Downloads
Referências
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing, 2013.
BAZIN, André. What is cinema? Vol. 1 & 2. Berkeley: University of California Press, 1971.
BASSIL, Noah. The Post-Colonial State and Civil War in Sudan: The Origins of Conflict in Darfur. London; New York City: I.B. Tauris, 2013.
BEIDLER, Philip. Ghosts, Demons, and Henry James: The Turn of the Screw at the Turn of the Century. Columbia: University of Missouri, 2015.
BUCKLAND, William. Film Studies: An Introduction. Hachette, Great Britain, 2015.
BURGOYNE, Robert. The Hollywood Historical Film. Oxford: Blackwell, 2008.
CHEKROUD, Adam et al. PTSD and the War of Words. In: Chronic Stress, New York, vol. 2, 2018.
COATS, Daniel Worldwide Threat Assessment. American Senate Select Committee on Intelligence, USA, 2019.
COLLINS, Allan. “His House” Review: A Haunting, Ouf of the Past. Rolling Stone. São Francisco, 2020.
D’ARCY, Geraint. Critical Approaches to TV and Film Set Designs. Routledge, New York, 2019.
DERVISHI, Eglantina et al. Early Traumatic Experiences and Their Relationship with the Emergence of Depressive Symptoms in Adulthood. Psychological Thought, v. 12, n. 1, p. 30-40, 2019.
DITTUS, Rubén. El dispositivo-cine como constructor de sentido: el caso del documental político. Cuadernos.info, Santiago de Chile, Pontificia Universidad Católica de Chile, n. 33, p. 77-87, dic. 2013
DORRINTONG, Nicola et al. Family functioning, trauma exposure and PTSD in a middle-income community sample. Journal of Affective Disorders, 245, 2019.
GIANNETTI, Louis. Understanding Movies. Boston, Prentice Hall, 2001.
IRIBARREN, Javier. et al. F. Post-Traumatic Stress Disorder: Evidence-Based Research for the Third Millennium. Los Angeles, USA, 2005.
JOHNSON, Douglas H. The Root Causes of Sudan's Civil Wars (4th ed.). Oxford, Kampala, Nairobi: International African Institute, 2007.
NEALE, Godfrey. Genre and Hollywood. London: Routledge, 2000.
PERKINS, Harvey C. and THORNS, David C. “The making of home in a global context”, In: Forrest, R. and Lee, J. (Eds.), Housing and Social Change, Routledge, London, 2003.
PLAUT, Martin. Understanding Eritrea: Inside Africa's Most Repressive State. Oxford: Oxford University Press, 2016.
SHORTER, Georgina. Designing for the Screen: Production Design and Art Direction Explained. Marlborough: The Crowood Press, 2012.
SULEIMAN, Mahmoud. A. Celebrate the 48th anniversary of Sudan's glorious October 1964 revolution. Sudan Tribune, 2012.
VUYLSTEKE, Sarah. Identity and Self-determination: The Fertit Opposition in South Sudan. HSBA Briefing Paper. Geneva: Small Arms Survey, 2018.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.