Adaptação ecfrástica: sobre a presença da pintura no cinema
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i2.27773Palavras-chave:
Adaptação ecfrástica, Intermidialidade, Cinema.Resumo
O objetivo deste trabalho é refletir sobre a relação que se estabelece entre a adaptação e a écfrase no campo dos estudos em intermidialidades, propondo cunhar o termo adaptação ecfrástica e pensar sobre seus possíveis efeitos de sentido. Buscamos, em primeiro momento, discutir sobre a conceituação de écfrase defendida por Clüver (2017; 2017a), que exclui as mídias cinéticas, cotejando-a com as discussões de Elleström (2014; 2017) sobre écfrase e adaptação, e seus potenciais de representação e transmidiação; e Bugno-Narecka e Vieira (2020), que indicam a possibilidade de leitura em se relacionando écfrase e cinema. Em um segundo momento, propomos o entendimento da écfrase enquanto representação verbo-visual de uma representação verbo-voco-visual, ancorados sobretudo nas discussões de Hansen (2006) para, posteriormente, defendermos o que denominamos por adaptação ecfrástica. Para tanto, analisamos a interação adaptação-écfrase a partir de um exemplo da obra fílmica Filhos da esperança (2006), focalizando o processo de adaptação que se valeu do recurso da écfrase. Justificamos esta pesquisa pela necessidade de abertura dos referenciais teóricos, tanto da adaptação quanto da écfrase, aventando relações abertas para o estudo de ambas. Em síntese, percebemos que a écfrase quando compreendida enquanto representação verbal ou visual, pode incorporar mídias cinéticas, como o cinema, valendo-se de um processo de adaptação ecfrástica, cujos sentidos produzidos levam em conta tanto a écfrase na mídia de partida, quando na mídia de chegada, como constituinte e em conjunto ao procedimento de adaptação.
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