Automutilação em Uma duas, de Eliane Brum
Palavras-chave:
Materialismo Lacaniano, Violência, Automutilação, Uma Duas.Resumo
Uma Duas, primeiro romance de Eliane Brum, foi publicado em 2011, é composto por diversas configurações de violência enredadas na conflituosa relação entre mãe e filha, que dividem e disputam o foco narrativo. Do ponto de vista da configuração do romance, a narrativa promove uma reflexão de cunho metalinguístico, na medida em que a narradora reflete sobre o intrincado processo de criação e seu pathos, e deposita no ato nômade da escrita tentativas de existir (e narrar). Embasados em pressupostos teóricos do Materialismo Lacaniano, a partir sobretudo dos estudos do filósofo esloveno Slavoj Žižek no que tange ao tema da violência, e em diálogo com teorias do romance contemporâneo, este trabalho propõe-se a analisar e refletir sobre uma das manifestações de violência que constitui a obra, neste caso, a automutilação. Devido ao tratamento hiper-realista da violência que permeia o romance como um todo, optou-se por um recorte episódico, que permite reflexões que vão além do tema vinculado. O episódio sob recorte aborda a automutilação de Laura (filha) como negação ao seu corpo – que existe em transbordo ao de Maria Lúcia (mãe); o desejo de Laura para com o seu instrumento de corte - em um processo de sexualização do ato de violência, até a tentativa de emancipação pela escrita. Para tanto, utilizamos como referência teórica, principalmente, Hutcheon (1991), Agamben (2007), Rancière (2017) e Perrone-Moisés (2016), no que concerne ao romance contemporâneo, e Slavoj Žižek (2014), no que se refere aos estudos sobre violência sob perspectiva do Materialismo Lacaniano.
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Referências
AGAMBEN, Giorgio. Estâncias: a palavra e o fantasma na cultura ocidental. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
BRUM, Eliane. Uma Duas. São Paulo: Leya. 2011.
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