O investimento discursivo-midiático sobre o corpo transexual: o dispositivo da transexualidade

Autores

Agências de fomento

Palavras-chave:

Corpo, Transexualidade, Mecanismos de poder, Dispositivo da transexualidade.

Resumo

Este artigo privilegia o investimento discursivo-midiático sobre o corpo transexual na contemporaneidade. Filiando-nos aos pressupostos teórico-metodológicos erigidos por Michel Foucault, tal como têm se desenvolvido no Brasil, lançamos um olhar descritivo-interpretativo para uma série enunciativa formada por capas de revistas, considerando-as como lugares de enunciação, cuja função de existência possibilita construir percursos temáticos que trazem à tona dispositivos e configurações significantes, que produzem sentidos sobre a transexualidade. Objetivamos compreender o funcionamento do dispositivo da transexualidade em práticas discursivo-midiáticas materializadas em capas de revistas que versam sobre o corpo transexual. No gesto analítico empreendido, verificou-se três grandes modos de enunciar o corpo transexual: o corpo belo, o corpo inovador e o corpo exótico. Nessa dispersão de sentidos, revelou-se a unidade discursiva da produtividade, enquanto necessidade emergente de participar de outros espaços sociais até então interditados a esses sujeitos. A produtividade se dá na ruptura das subjetividades, que denuncia uma emergência discursiva do governo da população para a produção e validação de verdades e, consequentemente, para o exercício de práticas disciplinares e regulamentadoras, graças à positividade do poder. Isso porque esses saberes funcionam como estratégias discursivas que atendem a uma demanda política contemporânea, que consiste em colocar o sujeito transexual na cadeia produtiva social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Érica Danielle Silva, Universidade Estadual de Maringá - UEM.

Doutora em Letras. Professora colaboradora no Departamento de Língua Portuguesa da Universidade Estadual de Maringá, UEM. Pesquisadora do Grupo de Estudos em Análise do Discurso da UEM – GEDUEM-UEM/CNPq.

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? E outros ensaios. Chapecó, SC: Argos, 2009.

BENTO, Berenice. A reinvenção do corpo – Sexualidade e Gênero na Experiência Transexual. Salvador, BA: Editora Devires, 2017.

COURTINE, Jean-Jacques. Decifrar o corpo: pensar com Foucault. Trad.: Francisco Morás. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

DELEUZE, Gilles. O que é um dispositivo? In.: DELEUZE, Gilles. O mistério de Ariana. Passagens. Lisboa: Ed. Vega, 1996.

DELEUZE, Gilles. Foucault. Trad. Claudia Sant’Anna Martins; revisão da tradução Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2010.

GREGOLIN, Maria do Rosário. Identidade. Objeto ainda não identificado? Estudos da Língua(gem). Vitória da Conquista: UESB, v.6, n. 1, 2008. p. 81-97.

JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero: conceitos e termos. Brasília, 2012.

HASHIGUTI, Simone. Corpo de Memória. 2008. 124 p. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem, São Paulo.

MACHADO, Roberto. Introdução. In.: MACHADO, Roberto. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 24.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007.

MILANEZ, Nilton. A dessubjetivação de Dolores - escrita de discursos e misérias do corpo-espaço. Linguagem: Estudos e Pesquisas. Catalão-GO, vol. 17, n. 2, p. 367-390, jul./dez. 2013

SANTOS, Dayana Brunetto Carlin dos. A biopolítica educacional e o governo de corpos transexuais e travestis. Cadernos de pesquisa. v. 45, n. 157, p. 630-651, jul./set. 2015.

FOUCAULT, Michel. O sujeito e o poder. In: RABINOW, P.; DREYFUS, H. Michel Foucault: uma trajetória filosófica (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

FOUCAULT, Michel. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). Tradução Maria Ermantina Galvão. São Paulo: Martins Fontes, 1999 (Coleção Tópicos).

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Tradução Raquel Ramalhete. 30.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

FOUCAULT, Michel. A arqueologia do saber. Tradução Luiz Felipe Baeta Neves. 7.ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007a.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. 24.ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2007b.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio. 15.ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007c (Coleção Leituras Filosóficas).

FOUCAULT, Michel. Segurança, território, população: curso dado no Collège de France (1977-1978). Edição estabelecida por Michel Senellart, sob a direção de François Ewald e Alessando Fontana. Tradução Eduardo Brendão. Revisão da tradução Claudia Berliner. São Paulo: Martins Fontes, 2008 (Coleção Tópicos).

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade I: A vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. 19. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2009.

TASSO. I. E. V. Mídia televisiva e políticas públicas de inclusão na pós-modernidade: igualdade, solidariedade e cidadania. In: NAVARRO, Pedro (Org.). Estudos do texto e do discurso: mapeando conceitos e métodos. São Carlos: Claraluz, 2006. p.129-151.

Downloads

Publicado

29-12-2018

Como Citar

SILVA, Érica D. O investimento discursivo-midiático sobre o corpo transexual: o dispositivo da transexualidade. Travessias, Cascavel, v. 12, n. 4, p. e20978, 2018. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/20978. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

LINGUAGEM