Entre sereias, marinheiros e escritores da própria história: reflexões sobre O papel e o mar (2010) e Carolina Maria de Jesus

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Palavras-chave:

Carolina Maria de Jesus, O papel e o mar (2010), performance, partage du sensible

Resumo

Nos diários que compuseram a seleção de Quarto de despejo: diário de uma favelada (1960), de Carolina Maria de Jesus, há um hiato de escrita entre 1955 e 1958. O curta-metragem O papel e o mar (2010), de Luiz Antonio Pilar, encena o encontro ficcional entre Carolina e João Candido Felisberto, conhecido como o almirante negro, líder da revolta da chibata, no dia 01 de maio de 1958, data em que Carolina volta a escrever. Logo nas falas iniciais do filme, os dois personagens – que não foram contemporâneos – deixam claro qual é o seu negócio: o de Carolina, o papel; e o de João, o mar. Nesta reflexão, pretendo pensar como a problemática da performance, no sentido proposto por Jacques Derrida (1988 e 1991) – em uma releitura dos atos de fala de Austin (1990) – pode ser lida e relacionada às relações entre memória e narração (GAGNEBIN, 2006) e à partilha do sensível (RANCIÉRE, 2009), nas duas personagens centrais do curta, que encena o encontro entre esses dois representantes da resistência no Brasil. Ademais, questões como a autorização do discurso ou a produção estético-literária brasileira também são abordadas, a partir da análise de algumas cenas do curta e da desconstrução do prefácio do segundo diário da autora – Casa de alvenaria (1961). 

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Biografia do Autor

Tallyssa Izabella Machado Sirino, PUCPR/docente. UNIOESTE/doutoranda.

Professora no curso de Letras da PUCPR. Doutoranda em Letras, pela UNIOESTE. Mestre em Letras, também pela UNIOESTE. Pesquisa e orienta trabalhos sobre as relações entre escrita, experiência e resistência na literatura marginal. 

Referências

BARTHES, Roland. Aula. Trad. de Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Cultrix, 2013.

BARTHES, Roland. O grau zero da escrita seguido de Novos ensaios críticos. Martins Fontes, 2000.

DE JESUS, Carolina Maria. Quarto de despejo: diário de uma favelada. Livraria F. Alves, 1960.

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DERRIDA, Jacques. A Farmácia de Platão. Trad. Rogério Costa. São Paulo: Iluminuras, 2005.

DE JESUS, Carolina Maria. Gramatologia. Trad. Miriam Chnaiderman e Renato Janine Ribeiro. São Paulo: Perspectiva, 2004.

DE JESUS, Carolina Maria. A Escritura e a Diferença. Trad. Maria Beatriz Marques Nizza da Silva. São Paulo: Perspectiva, 2002.

DE JESUS, Carolina Maria. Mal de Arquivo: uma impressão freudiana. Trad. Claudia de Moraes Rego. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2001.

DE JESUS, Carolina Maria. Posições. Trad. Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte, MG: Autêntica, 2001.

DE JESUS, Carolina Maria. A Voz e o Fenômeno: introdução ao problema do signo na fenomenologia de Husserl. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1994.

DE JESUS, Carolina Maria. Margens da Filosofia. Trad. Joaquim Costa, António M. Magalhães. Campinas,

SP: Papirus, 1991.

DE JESUS, Carolina Maria. Signature event context. na, 1988.

DE JESUS, Carolina Maria. La Dissémination. Paris: Éditions du Seuil, 1972.

GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.

KILOMBA, Grada. Descolonizando o conhecimento: uma palestra performance. 2016. Disponível em: http://www.goethe.de/mmo/priv/15259710-STANDARD.pdf

RANCIÉRE, Jacques. A partilha do sensível. São Paulo: Editora 34. 2009.

PILAR, Luiz Antonio. O papel e o mar. Lapilar produções, 2010.

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Publicado

29-12-2018

Como Citar

SIRINO, T. I. M. Entre sereias, marinheiros e escritores da própria história: reflexões sobre O papel e o mar (2010) e Carolina Maria de Jesus. Travessias, Cascavel, v. 12, n. 4, p. e20986, 2018. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/travessias/article/view/20986. Acesso em: 28 mar. 2024.

Edição

Seção

LITERÁRIA