Políticas de vida nas margens: resistência e reexistência ante as desigualdades e o racismo nada cordial das cenas urbanas brasileiras
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i2.25452Palavras-chave:
Desigualdade, Geovani Martins, Ferréz, Literatura.Resumo
Este artigo pretende discutir os modos literários de resistência às desigualdades sociais. Para tanto se dispõe a analisar dois contos Espiral e O ônibus branco escritos respectivamente por Geovani Martins e Ferrez. Estes dois autores contemporâneos expressam nas suas produções literárias o cotidiano de desigualdade e racismo encarado por jovens periféricos dos grandes centros urbanos. A leitura proposta se alimenta do repertório teórico das Ciências Sociais, articulando e aproximando os dois escritos ao mesmo tempo que evoca categorias de análise eficazes para compreensão do fenômeno social apresentado e descrito poeticamente. Nosso entendimento é que mais do que uma mera tendência estética, a escritura periférica é ela própria um ato de resistência, uma forma artística que não hesita em apontar suas armas para as persistentes desigualdades e para o racismo estrutural que marcam o Brasil contemporâneo.Downloads
Referências
AZEVEDO, C. M. M. de. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites - século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
BARBOSA MISB. Racismo e saúde. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública, [Tese de Doutorado], Universidade de São Paulo; 1998.
BENEDITO, D. Os deserdados do destino: construção da identidade criminosa negra no Brasil. Revista Palmares Cultura Afro-Brasileira; 52: 63. Brasília, Fundação Palmares, 2005.
BOSI, Alfredo. Introdução. In: O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1976.
CALDAS, Renata de Oliveira Pinto. Violências, redes de apoio e subjetividade: dando voz a crianças de uma favela da Zona Sul do Rio de Janeiro. Dissertação de mestrado em Psicologia Clínica da PUC/RJ, 2011.
CAMUS, Albert. O homem revoltado. Rio de Janeiro: BestBolso, 2017.
CARNEIROS, Aparecida Sueli. A construção do Outro como Não-Ser como fundamento do Ser [Tese de Doutorado]. São Paulo: Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade de São Paulo; 2005.
CASTRO, R. Necropolitics and illness: black genocide, gender, and suffering. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 35, n. 6, e00075319, 2019.
DALCASTAGNÈ, Regina. A personagem do romance brasileiro contemporâneo: 1990-2004. Estudos de literatura brasileira contemporânea. Brasília, n. 26, p. 13-71, jul./dez. 2005.
DALCASTAGNÈ, Regina. A personagem negra na literatura brasileira contemporânea. In: DUARTE, Eduardo de Assis; FONSECA, Maria Nazareth Soares (Orgs.). Literatura e afrodescendência no Brasil: antologia crítica. Belo Hori- zonte: Editora UFMG, 2011. Vol. 4: História, teoria, polêmica, p. 309-337.
DUARTE, Eduardo de Assis (Org.). Machado de Assis afrodescendente. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Pallas; Belo Horizonte: Crisálida, 2007.
DUARTE, Eduardo de Assis. O Bildungsroman afro-brasileiro de Conceição Evaristo. In: Revista estudos feministas, v. 14, n. 1, 2006.
FARIA, Alexandre; PENNA, João Camillo & PATROCÍNIO, Paulo Roberto Tonani do. Modos da margem: figurações da marginalidade na literatura brasileira. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2015.
FERRÉZ. Ninguém é inocente em São Paulo. São Paulo: Planeta, 2006.
FERRÉZ. Terrorismo literário. In: Literatura marginal: talentos da escrita periférica. Rio de Janeiro: Agir, 2005.
FONSECA, Rubem. O Cobrador. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011.
GOMES, Nilma Lino; LABORNE, Ana Amélia de Paula. Pedagogia da crueldade: racismo e extermínio da juventude negra. Educ. rev., Belo Horizonte, v. 34, e197406, 2018.
GRAMSCI, Antonio. Socialismo e Cultura. In: Scritti Giovanili, Torino: Einaudi, 1975.
IPEA. Atlas da violência 2019. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada; Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Brasília: Rio de Janeiro: São Paulo, 2019. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/download/12/atlas-2019.
MARTINS, Geovani. O Sol na cabeça. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 2017.
MATURANA, H. & VARELA, F. A árvore do conhecimento. São Paulo: Palas Athena, 2003.
MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N-1 edições, 2018.
MORIN, E. Amor, poesia, sabedoria. São Paulo: Instituto Piaget, 1999.
MUNANGA, K. (org.) Estratégias e políticas de combate à discriminação racial. São Paulo: Estação Ciência, p.79-94, 1996.
NASCIMENTO, A. do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Prefácio. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
ROCHA, João César de Castro Rocha. A guerra de relatos no Brasil contemporâneo. Ou: a “dialética da marginalidade”. Letras. Santa Maria, n. 32, p.23-70, janeiro/junho de 2006.
SEGATO, R. L. Las nuevas formas de la guerra y el cuerpo de las mujeres. Puebla: Pez em el Árbol, 2014.
SILVA, J. As Unidades Policiais Pacificadoras e os novos desafios para as favelas cariocas. In: MELLO, M. MACHADO DA SILVA, L. A. FREIRE, L. SIMÕES, S. (orgs.). Favelas cariocas: ontem e hoje. Rio de Janeiro: Garamond, 2012.
VARELA, Francisco, MATURANA, Humberto, URIBE, Roberto. Autopoiesis: the organization of living systems, its characterization, and a model. Biosystems 5:187-196, 1974.
WERNECK J. Racismo institucional e saúde da população negra. Saúde & Sociedade. 2016; 25:53-49.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.