Estética de Glauber Rocha e as interfaces com o cinema documentário
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i2.27757Palavras-chave:
Cinema Novo, Glauber Rocha, documentário.Resumo
Este estudo pretende refletir sobre alguns aspectos da estética cinematográfica de Glauber Rocha, olhando especificamente para as confluências que se estabelecem com a estética do cinema documentário. A intenção é problematizar como Glauber Rocha se apropria da linguagem documental para compor sua estética do real e materializar seu projeto poético e político em um tempo histórico e cultural que ficou conhecido pela efervescência da produção de uma arte de viés e tom extremamente político que buscava desvelar a realidade do povo brasileiro e sua identidade frente ao colonialismo cultural norte-americano. O pensamento do intelectual e cineasta baiano está impregnado justamente do espírito dessa época em que a produção da arte contemporânea passa por uma profunda mudança tanto no Brasil como na Europa, onde os artistas redefiniram suas estéticas entrelaçando-as com causas políticas e por sua vez empenhados em colocar a arte a serviço da mudança social. A estética do real que ‘soprava ventos’ nas vanguardas europeias reverberava no Brasil nos anos de 1960, sendo remodulada pela ótica glauberiana, introduzindo o povo brasileiro e suas realidades no novo cinema brasileiro. A estreita relação, e porque não dizer uma relação visceral, entre Cinema Novo e a busca por uma estética do real nos leva a refletir de que modo a diluição das fronteiras entre o cinema ficcional e o documentário reverberou e influenciou a composição da linguagem do Cinema Novo no Brasil. Para as reflexões tomamos como referência Nicholls (2005), Penafria (1999), Xavier (2001) e Simonard (2003).
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