A POÉTICA DO PENSAMENTO INFANTIL NA OBRA DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
DOI:
https://doi.org/10.5935/rl&l.v8i15.1150Resumo
O presente estudo apresenta algumas reflexões acerca do pensamento infantil e seus aspectos poéticos. Para tanto, inspiramo-nos em um conto de João Guimarães Rosa, extraído do livro Primeiras estórias, intitulado “A partida do audaz navegante”. A protagonista do conto é uma criança cujo olhar poético é traduzido em um discurso também poético e polifônico, rico em desvios sintáticos e em criações vocabulares insólitas e instigantes. O conto enfocado revela a presença de um olhar lírico e filosófico sobre as situações cotidianas, que rompem com os paradigmas tradicionais e trazem à tona o imprevisível. A protagonista da história em questão apreende e compreende a realidade pelo viés poético, criando, deste modo, revoluções discursivas poéticas para as situações cotidianas. E é justamente este olhar que a faz ver novas possibilidades onde ninguém consegue ver. Esta forma singular e imprevisível de produzir os discursos por parte da criança na obra de Guimarães Rosa é similar aos gestos discursivos da criança de um modo geral, que, no presente estudo, relacionamos aos do poeta. As surpreendentes desacomodações sintático-gramaticais presentes nas falas da protagonista, longe de serem encaradas como erros gramaticais, fazem-nos refletir sobre o vigor do discurso infantil e as suas idiossincrasias, reflexos de um universo lírico e criativo. O pensamento mágico da criança e sua perplexidade diante do universo que a cerca se expressam por meio de um discurso também mágico e insólito, como o dos poetas. Deste modo, por meio de um diálogo com o filósofo Bachelard, em sua Poética do devaneio, propomos, neste estudo, uma apreciação do discurso infantil no que ele possui de mágico e original, fruto de devaneios criativos, desamarrados dos condicionamentos da linguagem mecânica e instrumentalizada.Downloads
Publicado
01-01-2000
Como Citar
SANTOS, I. C. dos. A POÉTICA DO PENSAMENTO INFANTIL NA OBRA DE JOÃO GUIMARÃES ROSA. Línguas & Letras, [S. l.], v. 8, n. 15, p. p. 131–146, 2000. DOI: 10.5935/rl&l.v8i15.1150. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/1150. Acesso em: 3 nov. 2024.
Edição
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Estudos Literários
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