A Infância “Quebrada” em Castanha do Pará

Autores

  • Ellen Aline da Silva de Sousa Universidade Federal do Pará
  • Francisco Pereira Smith Junior Universidade Federal do Pará
  • Marcelo do Vale Oliveira Universidade Federal do Pará
Agências de fomento

Palavras-chave:

Infância, Marginalidade, Graphic novel.

Resumo

O estudo parte da análise sobre a narrativa gráfica Castanha do Pará (2018) de autoria de Gidalti Moura Jr. Inspirada no conto Adolescendo Solar, de Luizan Pinheiro, Castanha do Pará narra a vida do menino em condição de rua apelidado como Castanha, que assim como Casqueta, personagem do conto inspiração, sobrevive no complexo do Ver-o-Peso, na cidade de Belém do Pará. Dito isto, objetiva-se investigar, a partir dos pressupostos metodológicos da literatura comparada, a representação da infância no personagem Castanha, marcada pela marginalidade e exclusão, vivenciada em contextos opressores e violentos, como a repressão do padrasto dentro de casa e as várias situações nas ruas. A obra tem por narradora a vizinha da família, que conta de um ponto de vista atravessado por princípios morais uma versão sobre a vida de Castanha, comparando-o constantemente com o seu filho, que imagina ser modelo para o menino-urubu. Desse modo, a graphic novel expõe uma infância na Amazônia paraense que vive em condição de rua no meio urbano, marcada por uma ruptura dos preceitos modernos que instituem modelos para essa fase da vida, estabelecido em marcos legais como a Constituição Brasileira de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, na Declaração Universal dos Direitos Humanos, Declaração dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, isto é, privada de direitos básicos, estigmatizada e marginalizada socialmente. Em suma, uma infância “quebrada”.

Biografia do Autor

Ellen Aline da Silva de Sousa, Universidade Federal do Pará

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia (PPLSA), bolsista CAPES/CNPq, membro do Grupo de Estudos de Literatura Comparada do Nordeste Paraense (GELCONPE).

Francisco Pereira Smith Junior, Universidade Federal do Pará

Doutor em Planejamento do Desenvolvimento (PDTU/NAEA/UFPA),professor adjunto IV(UFPA) da Faculdade de Licenciatura Integrada em Educação em Ciências, Matemática e Linguagens do Instituto de Educação Matemática e Cientifica (IEMCI) e professor permanente do Programa de Pós-graduação em Linguagens e Saberes na Amazônia (PPLSA), coordenador do Grupo de Estudos de Literatura Comparada do Nordeste Paraense (GELCONPE).

Marcelo do Vale Oliveira, Universidade Federal do Pará

Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia e Antropologia, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Universidade Federal do Pará (PPGSA/IFCH/UFPA), atua como Técnico em Assuntos Educacionais, no Campus Universitário de Bragança (UFPA).

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Publicado

09-02-2021

Como Citar

SOUSA, E. A. da S. de; SMITH JUNIOR, F. P.; OLIVEIRA, M. do V. A Infância “Quebrada” em Castanha do Pará. Línguas & Letras, [S. l.], v. 21, n. 51, p. http://dx.doi.org/10.5935/1981–4755.20200028, 2021. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/25493. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

DOSSIÊ: CENAS DA VIDA AMAZÔNICA: SUJEITOS DIVERSOS ENTRE TEIAS DE LITERATURA E LINGUAGENS