Revelações de mulheres em narrativas: reflexões sobre HIV e gênero no campo da Linguística Aplicada
Palavras-chave:
Narrativas autobiográficas, HIV, Identidade de gênero, Mulheres.Resumo
Compreendida a identidade como um processo de produção simbólica e discursiva (SILVA, 2014) através de práticas e interações sociais, o presente artigo é parte da pesquisa de mestrado (2015) que se justificou pelo silenciamento histórico da construção identitária da mulher nas relações de poder. Dessa forma o objetivo deste texto é apresentar as experiências de vida das mulheres participantes da pesquisa em um período de vida anterior à convivência com o HIV. Os referenciais teóricos sobre identidades sociais de gênero, linguística aplicada e HIV são: Borba (2008, 2010) e Higgins e Norton (2010). A metodologia qualitativa narrativa foi norteada pelo espaço tridimensional citado por Clandinin e Connelly (2000) para análise das narrativas autobiográficas de mulheres que vivem ou convivem com o HIV. Como resultados, constatou-se que as identidades sociais reveladas nas narrativas é de que as mulheres, antes de serem infectadas pelo HIV, tinham vínculo afetivo com a figura masculina e acreditavam que os afazeres domésticos e o cuidado com o outro eram somente suas incumbências; mostraram-se em reconstrução no processo de reflexão acerca de suas relações sociais no campo afetivo, econômico, social e pessoal. Assim, foi possível concluir que as identidades de ser mulher entrecruzam-se e o processo de construção e reconstrução faz parte do viver e que, o falar sobre HIV está imbricado nas relações e práticas sociais das pessoas bem como nas relações de gênero. Diante do exposto, este artigo compõe-se pela introdução, identidades sociais de gênero, pesquisa narrativa, narrativas das mulheres que (con)vivem com o HIV (antes da infecção a esse vírus) e considerações finais.
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