Discurso de Bolsonaro na ONU, em 2019: a força dos mitemas e a verdade dos mitos
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i1.24110Palavras-chave:
Imaginário, Mitocritica, Discurso, Meio ambiente.Resumo
Os discursos políticos e midiáticos contemporâneos acerca da percepção e da interação do ser humano com o meio ambiente apresentam conotações pouco claras sobre a preocupação com a sustentabilidade e com a manutenção da saúde do planeta. Diante dessa percepção e considerando que o homem só apreende a natureza por meio do símbolo, o objetivo dessa pesquisa é investigar como os aspectos simbólicos e míticos são mobilizados para construir os discursos recorrentes acerca da Amazônia. Analisaremos o discurso proferido por Bolsonaro na Assembleia-Geral da ONU, em setembro de 2019. A análise, fundamentada na mitocrítica (Gilbert Durand), aponta para o mito diretor de Maha-Maya ou Maya, a Deusa da Ilusão, no hinduísmo. O véu da ilusão perpassa o discurso do presidente brasileiro naquilo que diz respeito ao novo e ao ressurgimento do Brasil. No entanto, é preciso considerar que o ressurgimento traz um sentido de morte, desvelando o Deus Antaka – Yama -, o Deus da morte. O discurso do presidente vem permeado de um desejo de destruição para implementar um sonho pessoal, distante dos anseios da maioria da nação, desvelando as Erínias, o terceiro grupo das Deusas Cinzentas (além das Moiras e das Gréias), de nomes Aleto (a que nunca acaba), Tisífone (retaliação) e Megera (raiva); deusas que podem ser invocadas pelo nome de Erinis (espírito de cólera e de vingança); é possível dizer que na fala presidencial, em seu discurso proferido na ONU, ou nas suas apresentações cotidianas, inclusive no seu Twitter, há o sentido de vingança, retaliação e raiva.
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