A (in)efetividade jurídica da personificação da natureza: uma análise ecolinguística das medidas jurídicas de proteção ambiental
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v14i1.24195Palavras-chave:
Biocentrismo. Direito. Ecolinguística.Resumo
A importância da proteção à natureza foi enfatizada em discursos escritos datados do início do século XX. A partir de então, diversos campos científicos, disciplinas acadêmicas e políticas públicas tomam por objeto a natureza a fim de se produzir discursos garantidor da sua proteção. Uma das medidas encontradas pelo ordenamento jurídico de alguns países, tais como Equador, India e Nova Zelândia, foi personificação da natureza, trazendo para a esfera jurídica uma visão biocêntrica, o que também se discute no Brasil atualmente. O presente trabalho busca comparar os discursos produzidos em sentenças, algumas de países que pretendem trazer para o Direito uma visão biocêntrica e outras, de países considerados antropocêntricos, a fim de verificar se realmente existem diferenças ideológicas entre seus discursos, sem adentrar em questões jurídicas científicas. Para tanto, utilizaremos como referenciais teóricos, a Ecolinguística, disciplina que trata as questões da linguagem de forma ecológica e holística, e o Realismo jurídico, caracterizado como uma epistemologia ou um método do Direito que aborda o fenômeno jurídico a partir do empirismo. Pela análise, constatamos que a personificação da natureza não é garantidora da efetividade jurídica, ao contrário, apenas caracteriza um mascaramento de ideologias antropocêntricas e capitalistas, sob a forma de um biocentrismo distorcido.Downloads
Referências
ALMEIDA, Bruna Goncalves D’. Biocentrismo e a proteção jurídica socioambiental. Dissertação de mestrado apresentada na PUC Rio, 2005. Disponivel em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/10143/10143.PDF
BERMAN,Robert Lanzawith Bob. “Biocentrismo: como a vida cria o universo”. Disponível em: http://www.nbcnews.com/id/31393080/ns/technology_and_science-science/t/biocentrism-how-life-creates-universe/#.Xh2_5shKjIU
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1998.
Burckhart, Thiago Rafael. MELO, Milena Petters. Constitucionalismo e meio ambiente: os novos paradigmas do Direito constitucional ambiental no Equador, Bolivia e Islandia: Disponivel em: http://abdconst.com.br/revista15/constitucionalismoMilena.pdf
COUTO, Elza Kioko Nakayama Nenoki. Ecolinguística: um diálogo com Hildo Honório do Couto. v. 4. Campinas: Pontes Editores, 2013. (Coleção Linguagem e Sociedade). COUTO, Elza Kioko Nakayama Nenoki; SILVA, Samuel de Sousa. Análise do discurso ecológica; eco linguagem e eco ética. In: Antropologia do imaginário, ecolinguística e metáfora. Brasília: Thesaurus, 2014.
COUTO, Hildo Honório. A Ecologia Profunda. 2006. Disponível em: http://www.revistameioambiente.com.br/2006/12/22/a-ecologia-profunda/. Acesso em: 15 out. 2015.
COUTO, Hildo Honório. Linguística Ecossistêmica Crítica ou Análise do Discurso Ecológica. In: COUTO, E. (Org.). Antropologia do Imaginário, Ecolinguística e Metáfora. Brasília: Thesaurus, 2014. COUTO, Hildo Honório. O tao da linguagem: um caminho suave para a redação. São Paulo: Pontes, 2012.
COUTO, Hildo Honório. Notas sobre o conceito de texto na linguistica ecossistêmica. 2015b. Disponível em: http://meioambienteelinguagem.blogspot.com.br/. Acesso em 30 dez. 2015. COUTO, Hildo Honório;
EQUADOR. Constituição. 2008. Disponivel em: http://www.stf.jus.br/repositorio/cms/portalStfInternacional/newsletterPortalInternacionalFoco/anexo/ConstituicaodoEquador.pdf
GUSSOLI, Felipe Klein. A natureza como sujeito de Direito na Constituição do Equador considerações a partir do rio Vilacamba. Disponivel em: http://www.direito.ufpr.br/portal/wp-content/uploads/2014/12/Artigo-Felipe-Gussoli-classificado-em-1%C2%BA-lugar-.pdf
JUNIOR, Juraci Pereira da Silva. Et al. Proteção ambiental no Brasil e no mundo. Disponivel em: https://jus.com.br/artigos/58370/protecao-ambiental-no-brasil-e-no-mundo
LANZA, Robert; BERMAN, Bob. Biocentrism: How life and consciousness are the keys to understanding the true nature of the universe. Benbella Books, 2009.
MALISKA, Marcos Augusto. MOREIRA, Parcelli Dionizio. O Caso Vilcabamba e El Buen Vivir na Constituição do Equador de 2008: pluralismo jurídico e um novo paradigma ecocêntrico. Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/seq/n77/2177-7055-seq-77-149.pdf
MILARÉ, Edis. Direito do Ambiente. 10ª Ed. Revi. Atual e ampl – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015
SOLER, Antônio Carlos Porciúncula. Antropocentrismo e Crise Ecológica: Direito Ambiental e Educação Ambiental como meios de (re) produção ou superação. Dissertação de mestrado UFRG.2011.
THOMAS, Keith. O HOMEM E O MUNDO NATURA! MUDANÇAS DE ATITUDE EM RELAÇÃO ÀS PLANTAS E AOS ANIMAIS. Disponível em: http://nupaub.fflch.usp.br/sites/nupaub.fflch.usp.br/files/Homem%20e%20o%20Mundo%20Natural150.pdf
TJ. RECURSO ESPECIAL: Resp: 10400150018309001 MG. Relator: Ministro Moreira Diniz: Disponível em: https://tj-mg.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/784995743/apelacao-civel-ac-10400150018309001-mg/inteiro-teor-784995876?ref=juris-tabs
STJ. RECURSO ESPECIAL: Resp: 1583855 SC 2016/0035161-8. Disponivel em: https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/511765953/recurso-especial-resp-1583855-sc-2016-0035161-8/inteiro-teor-511765964?ref=juris-tabs
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Aviso de Direito Autoral Creative Commons
Política para Periódicos de Acesso Livre
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
Licença Creative Commons
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional, o que permite compartilhar, copiar, distribuir, exibir, reproduzir, a totalidade ou partes desde que não tenha objetivo comercial e sejam citados os autores e a fonte.