Da gorda ao padre: as marcas do estigma em dois contos de Amar é crime, de Marcelino Freire
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i1.24924Palavras-chave:
Marcelino Freire, Estigma, Conto.Resumo
Este breve estudo tem como objetivo realizar uma análise que investigue as relações entre personagens estigmatizados e os ditos “normais” presentes nos contos Mariângela e Jesus te ama, do livro Amar é crime, de Marcelino Freire. O autor se destaca no cenário da literatura brasileira não só pela escrita ágil, mas também pela sua capacidade de tornar visíveis, na sua obra, os personagens marginalizados do cotidiano brasileiro, bem como fazê-los capazes de intrigar e perturbar os órgãos sociais e os sujeitos que estão dispostos a tornar estes indivíduos desviantes do que é plenamente aceito socialmente. Para isto, são evidenciados narradores, discursos, conflitos e personagens, no intento de demonstrar como as marcas do estigma emergem na sociedade e como elas deterioram a identidade dos que por elas são acometidos. Assim, foram utilizados, primordialmente, conceitos teóricos presentes nas obras Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada, de Erving Goffman (2008) e Estética da criação verbal, de Mikhail Bakhtin (2010). Por meio destes, buscamos entender e descrever analiticamente, respectivamente, como as relações que emergem do contato dos ditos normais e estigmatizados, tornam estes seres deteriorados e como os discursos ideológicos, repassados no meio desta interação, são capazes de interferir decisivamente durante este processo.
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