Mulheres de Joel Zito Araújo: subversão ou reprodução de estereótipos?
DOI:
https://doi.org/10.48075/rt.v15i2.27748Palavras-chave:
Cinema negro, estereótipo, Filhas do Vento, mulher negra.Resumo
A narrativa cinematográfica caracteriza-se, dentre outros aspectos, pelo entrelaçamento entre diferentes linguagens, tais como a música, os elementos sonoros, os textos verbais e não-verbais, tornando, por sua vez, o enredo fílmico dotado de uma linguagem própria, abordando e problematizando temáticas de cunho social, cultural, histórico, político. Nesse sentido, investiga-se, neste artigo, a representação das personagens femininas negras na obra fílmica Filhas do Vento (2004), primeiro longa-metragem do cineasta mineiro Joel Zito Araújo. Tal objetivo foi delineado a partir do seguinte problema: de que modo as personagens femininas são representadas na obra? Hipoteticamente, acredita-se que os modos de representação da mulher negra, na obra em análise, ora subvertem os estereótipos cristalizados sobre ela, ora acabam por reproduzi-los, reforçando-os. Para tanto, a tessitura das discussões perpassa as considerações acerca da sétima arte e sua caracterização em Martin (2013), Aumont (1995); do Cinema Novo, com as proposições de Gomes (1980), Ramos (2000), Xavier (1983); e do Cinema Negro, pelas ideias propostas em Prudente (2018, 2019), Rocha (1963); a despeito da representação e imagens de sujeitos negros, ancora-se em hooks (2019), Hall (2016), dentre outras. No filme em análise, o cineasta problematiza que, ao tempo que se busca desmistificar os estereótipos, revela-se, que a mídia, de certo modo, maquila o protagonismo dessas mulheres, mascarando, negando a existência dos paradigmas que estruturam as relações entre brancos e negros.
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Referências
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