Atividades circenses na Educação Física escolar: análise sistemática da produção bibliográfica (2016-2020)
DOI:
https://doi.org/10.36453/cefe.2021.n3.27491Palavras-chave:
Circo, Educação Física, Educação Básica, Estado da Arte, Escola.Resumo
INTRODUÇÃO: Diante do aumento progressivo das publicações sobre o ensino das atividades circenses na escola, estudos de revisão podem ajudar professores e profissionais na busca por conhecimentos baseados em evidências que orientem suas intervenções.
OBJETIVO: O objetivo deste estudo é identificar como o ensino do Circo na escola vem sendo tratado pela literatura científico-pedagógica.
MÉTODOS: O estudo é de natureza qualitativa delineado como levantamento bibliográfico sistemático. Para tanto, realizou-se buscas em sete bases de dados, duas revistas especializadas e uma rede social. Adotou-se a análise temática de conteúdo para tratar dos dados. O corpus documental foi composto por 74 documentos em 4 idiomas (47 artigos, 3 teses, 8 dissertações, 4 livros e 12 capítulos de livros).
RESULTADOS: Os resultados denotam uma concepção ampliada de escola, bem como o aumento de publicações sobre o ensino das atividades circenses, com destaque para a Educação Infantil, pouco relatados em estudos anteriores. Os discursos que buscam legitimar o ensino do Circo na Educação Física escolar são o da cultura corporal; diversidade de conteúdo; desenvolvimento de capacidades físicas, habilidades motoras e relações interpessoais e o da articulação com documentos oficiais. Os desafios pedagógicos mais recorrentes são a falta de materiais específicos, de infraestrutura e a descontinuidade do trabalho docente. Os resultados indicam maior preocupação com a segurança e com a adaptação de materiais, embora esse último aspecto pareça implicar na recorrente falta de investimentos nesse âmbito. Destaca-se, ainda, a falta de clareza no processo avaliativo e o distanciamento entre as propostas e a dimensão artística do Circo.
CONCLUSÃO: O ensino do Circo na escola já é uma realidade em muitas unidades escolares brasileiras, porém, ainda há dificuldades que o afasta desse contexto, sendo assim, se faz necessário que a comunidade científica crie outros meios de comunicação com as comunidades pedagógicas.
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