As orientações de organismos internacionais, o currículo escolar e a pedagogia das competências: impactos, desafios e alternativas para uma educação integral e crítica
DOI:
https://doi.org/10.48075/rtm.v19i35.34139Palavras-chave:
Organismos internacionais; Pedagogias das competências; Educação pública.Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar o impacto das orientações de organismos internacionais sobre o currículo escolar ao longo das últimas três décadas. Instituições, como a Unesco, o Banco Mundial e a OCDE, promovem a pedagogia das competências, a fim de alinhar a educação às demandas de um mercado globalizado e pragmático. Assim sendo, por meio de uma revisão bibliográfica, investiga-se como essas diretrizes têm contribuído para a descaracterização da escola pública, a qual objetiva a formação integral e crítica dos estudantes. Tal análise revela que as reformas curriculares impulsionadas por esses organismos priorizam a eficiência e a padronização, muitas vezes, em detrimento de uma educação integral e emancipatória. Além disso, a convergência entre o neoliberalismo e o conservadorismo reacionário reforça essa tendência, propondo uma educação que não valoriza a diversidade, nem promove a inclusão social. Conclui-se que é necessário repensar as políticas educacionais para garantir uma formação crítica e integral que contrarie a lógica mercadológica dominante.
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