50 ANOS DA ORGANIZAÇÃO MÉDICOS SEM FRONTEIRAS (MSF):
BIOPOLÍTICA, MEMÓRIA E HISTORICIDADE EM PRODUÇÕES COMEMORATIVAS (1971- 2021)
Palavras-chave:
biopolítica, história das doenças, historicidades, identificaçõesResumo
O presente artigo apresenta uma análise sobre as produções comemorativas da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) publicadas em 2021, quando do aniversário de 50 anos de sua fundação. As fontes utilizadas foram o documentário “Fragmentos de História” e o podcast “Em Outros Cantos”, ambos disponíveis no site do MSF (www.msf.org.br). Em seus discursos comemorativos, essas produções traçaram uma linha cronológica dos eventos que marcaram a atuação da organização desde sua fundação em 1971. Os eventos são apresentados por meio de narrativas que combinam experiências com uma sequência cronológica. A hipótese aqui apresentada é que, ao início do século XXI, a organização vivenciou um agravamento dos problemas enfrentados no trabalho humanitário e, em resposta a essa situação, produziu o documentário e o podcast como parte de uma estratégia de enfrentamento desse quadro de insensibilidade moral. Dessa maneira, o MSF articulou uma discursividade comemorativa com a composição de uma historicidade para a sua trajetória, tendo uma identidade específica para si, fundamentada na diversidade de seus membros e na denúncia das situações de sofrimento humano, legitimando sua atuação e buscando uma sensibilização pública.
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