Elementos inibidores do desenvolvimento de práticas investigativas no contexto escolar: uma questão para além da formação de professores
DOI:
https://doi.org/10.48075/rtm.v17i31.31702Keywords:
Ensino por Investigação; Docência; Estratégias de Ensino.Abstract
Neste ensaio, discorre-se acerca dos elementos inibidores para o desenvolvimento de propostas investigativas no cotidiano escolar. O artigo insere-se em uma tentativa de elucidar a paradoxalidade existente entre um consenso teórico acerca da necessidade de realização de práticas que fomentem o protagonismo e o papel ativo dos discentes e a dificuldade de inseri-las de modo cotidiano nas instituições educativas. A fim de consecutar o objetivo proposto, argumenta-se que as escolhas didáticas não decorrem apenas da opção pessoal-profissional do docente, mas são condicionadas por aspectos objetivos, políticos e institucionais. A partir da discussão proposta, infere-se que subjacente às perspectivas que associam o desenvolvimento de práticas investigativas somente a uma decisão de caráter pessoal ou da ineficiência de um processo formativo, encontra-se um discurso de responsabilização do docente e que, consequentemente, pode resultar em uma atitude persecutória a ele. No entanto, tal inferência não isenta o professor de uma responsabilidade ética da proposição de situações de ensino e aprendizagem coerentes com o que é preconizado no campo teórico. Todavia, para que isso ocorra parece-nos que é imprescindível a organização de redes colaborativas de trabalho que dêem suporte ao trabalho docente e sejam propositivas de políticas institucionais.
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