Elementos inibidores do desenvolvimento de práticas investigativas no contexto escolar: uma questão para além da formação de professores

Authors

DOI:

https://doi.org/10.48075/rtm.v17i31.31702

Keywords:

Ensino por Investigação; Docência; Estratégias de Ensino.

Abstract

Neste ensaio, discorre-se acerca dos elementos inibidores para o desenvolvimento de propostas investigativas no cotidiano escolar. O artigo insere-se em uma tentativa de elucidar a paradoxalidade existente entre um consenso teórico acerca da necessidade de realização de práticas que fomentem o protagonismo e o papel ativo dos discentes e a dificuldade de inseri-las de modo cotidiano nas instituições educativas. A fim de consecutar o objetivo proposto, argumenta-se que as escolhas didáticas não decorrem apenas da opção pessoal-profissional do docente, mas são condicionadas por aspectos objetivos, políticos e institucionais. A partir da discussão proposta, infere-se que subjacente às perspectivas que associam o desenvolvimento de práticas investigativas somente a uma decisão de caráter pessoal ou da ineficiência de um processo formativo, encontra-se um discurso de responsabilização do docente e que, consequentemente, pode resultar em uma atitude persecutória a ele. No entanto, tal inferência não isenta o professor de uma responsabilidade ética da proposição de situações de ensino e aprendizagem coerentes com o que é preconizado no campo teórico. Todavia, para que isso ocorra parece-nos que é imprescindível a organização de redes colaborativas de trabalho que dêem suporte ao trabalho docente e sejam propositivas de políticas institucionais.

References

ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez Editora, 2011.

ANPED. Parecer da ANPEd sobre o documento Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Revista Brasileira de Educação, n. 7, p. 89-96, jan./fev./mar./abr. 1998.

ARAÚJO, K. H.; COSTA, A. G.; ZIENTARSKI, C. Qual o lugar que as crianças do 2º ano do Ensino Fundamental ocupam na política de accountability escolar no estado do Ceará? Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 31, n. 119, p. e0223406, abr./jun. 2023. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ensaio/a/cvPYPHPr9JxXhkM3HFttwmC/abstract/?lang=pt#. Acesso em: 01 mar. 2024.

ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011.

BARBOSA, M. C. S.; HORN, M. da G. S. Abrindo as portas da escola infantil: viver e aprender nos espaços externos. Porto Alegre: Editora Penso, 2022.

BERGER, P. L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Tratado de sociologia do conhecimento. 24. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2004.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. Brasília: MEC/CNE, 2009a.

BRASIL. Subsídios para as Diretrizes Curriculares Nacionais específicas da Educação Infantil. Brasília: MEC, 2009b.

BRASIL. Práticas cotidianas na Educação Infantil: Bases para a reflexão sobre as orientações curriculares. Brasília: MEC/COEDI, 2009c.

BRASIL. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil. Introdução. Brasília: MEC/SAEB, 1998.

BONAMINO, A.; SOUSA, S. Z. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces com o currículo da/na escola. Educação e Pesquisa, v. 38. n. 2. p. 373-388, jun. 2012. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/rtQkYDSjky4mXG9TCrgRSqJ/. Acesso em: 01 mar. 2024.

CENCI, A. V. Ética Geral e das Profissões. Ijuí: Editora UNIJUÍ, 2015.

DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: Ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DEWEY, J. Experiência e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.

DURKHEIM, É. A Evolução Pedagógica. Porto Alegre: Artmed, 1995.

FREITAS, F. et al. O espaço da escola de educação infantil como favorecedor do protagonismo infantil. Diversa Prática, v. 2, n. 2, p. 42-64, 2015. Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/diversapratica/article/view/33557. Acesso em: 01 mar. 2024.

FORMOSINHO, J.; MACHADO, J. Da pedagogia burocrática à pedagogia intercultural: diversidade cultural na escola para todos. In: KISHIMOTO, T. M.; OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. Em busca da pedagogia da infância. Pertencer e participar. Porto Alegre: Penso, 2013. p. 168-187.

GANDINI, L. Espaços Educacionais e de Envolvimento pessoal. In: EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. (ORG.). As Cem Linguagens da Criança: a experiência de Reggio Emilia em transformação. Porto Alegre: Penso, 2016. p. 315-336.

GAUTHIER, C. et al. Por uma Teoria da Pedagogia: Pesquisas contemporâneas sobre o saber docente. Ijuí: Editora Unijuí, 2013.

HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: Os projetos de trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

HERNÁNDEZ, F.; VENTURA, M. A organização do currículo por projetos de trabalho: conhecimento é um caleidoscópio. Porto Alegre: Artmed, 1998.

HOBSBAWN, E. A Era dos Extremos: O breve século XX (1914-1991). São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

HORN, M. da G. S. Sabores, cores, sons, aromas: a organização dos espaços na educação infantil. Porto Alegre: ARTMED, 2004.

KUHLMANN JUNIOR, M. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 2015.

LAVAL, C. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. São Paulo: Boitempo, 2019.

LORENZON, M.; HORN, C. I. A Sala de aula no berçário: Conciliando funcionalidade e objetivos pedagógicos. Saberes Em Perspectiva, v. 6, n. 14, p. 83-96, 2016.

LORENZON, M. et al. Concepções epistemológicas que sustentam as práticas de investigação desenvolvidas para e com as crianças. In: TAUCHEN, G.; SILVA, J. A. da.; SCHWATES, L. Educação Científica: Pesquisas e Experiências. Curitiba: Editora CRV, 2015. p.121-130.

MALAGUZZI, L. História, ideias e filosofia básica. In: EDWARDS, C.; GANDINI, L.; FORMAN, G. As cem linguagens da criança: a abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre: Penso: 2016. p. 57-98.

MONTESSORI, M. O segredo da infância. 1. ed. Campinas: Kirion, 2019.

MORAIS, R. Entre a jaula de aula e o picadeiro de aula. In: MORAIS, R. Sala de Aula: Que espaço é esse? Campinas: Papirus, 1988. p. 17-30.

NÓVOA, A. Formação de professores e profissão docente. In: NÓVOA, A. Os professores e sua formação. 2. ed. Lisboa/Portugal: Publicações Dom Quixote, 1995. p. 15-34.

OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. Pedagogia(s) da infância: reconstruindo uma práxis de participação. In: FORMOSINHO-OLIVEIRA, J.; KISHIMOTO, T. M.; PINAZZA, M. A. (ORG.). Pedagogia(s) da Infância: Dialogando com o passado construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007. p. 13-37.

FORMOSINHO, J.; OLIVEIRA-FORMOSINHO, J. Pedagogias transmissíveis e pedagogias participativas na escola de massas. In: OLIVEIRA-FORMOSINHO, J.; PASCAL, C. Documentação pedagógica e avaliação na educação infantil. Um caminho para transformação. Porto Alegre: Editora Penso, 2019. p.3-25.

RIOS, T. A. Ética na docência universitária: a caminho de uma universidade pedagógica? In: PIMENTA, S. G.; ALMEIDA, M. I. de. Pedagogia Universitária: caminhos para a formação de professores. São Paulo: Cortez Editora, 2011. p. 229-245.

ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emilio, ou, Da educação. São Paulo: Edipro, 2022.

SAVATER, F. O valor de educar. São Paulo: Planeta, 2012.

TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

Published

13-03-2024

How to Cite

LORENZON, M.; DARROZ, L. M.; ROSA, C. T. W. da. Elementos inibidores do desenvolvimento de práticas investigativas no contexto escolar: uma questão para além da formação de professores. Temas & Matizes, [S. l.], v. 17, n. 31, p. 866–886, 2024. DOI: 10.48075/rtm.v17i31.31702. Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/temasematizes/article/view/31702. Acesso em: 3 nov. 2024.

Issue

Section

Dossiê Formação de professores e as atividades investigativas na Educação em Ciê